SEJAM BEM VINDOS A ESTE BLOG

Nota Prévia :

Este Blog destina-se exclusivamente à divulgação de trabalhos escritos por mim para meu prazer e daqueles que eventualmente estivessem interessados na sua leitura.

Felizmente, foram muitos os que se me dirigiram a pedir que divulgasse alguns dos meus trabalhos, especialmente os que mais me marcaram ao longo da minha vida, daí ter feito uma escolha selectiva de entre todos eles, muitos ficando de fora, naturalmente .

Foi por esse motivo que surgiu este Blog .

Muitos desses trabalhos já haviam sido publicados em periódicos e revistas da especialidade e não só, muitos deles além fronteiras ( EUA e BRASIL ), e alguns chegaram mesmo a ser galardoados em Concursos de Contos e Poesias e diversos Jogos Florais .

À medida em que forem inseridos neste Blog, tentarei informar quais os já anteriormente publicados, onde e quando e se tiverem sido galardoados, quais os prémios que lhes foram atribuidos e quais as Organizações envolvidas .

Espero que a memória não me falhe e os meus apontamentos não estejam incompletos.

Ericeira, 20 de Janeiro de 2011

Carlos Jorge Ivo da Silva

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

MANIFESTO AOS DESPREVENIDOS ( EM ÉPOCA DE CARNAVAL )

Pequena Nota Explicativa :

O documento que se segue deverá ser distribuído pelos trabalhadores TAP, aquando da realização de uma vigília no corredor fronteiro ao Departamento de Finanças e Vencimentos.
Os trabalhadores que quiserem aderir deverão vestir " jeans " e calçar sapatilhas, levando consigo uma pequena malga vazia e algumas sandes, utilizando dois tipos de pão diferentes .
Não deverá ser feita algazarra, mas antes pelo contrário, os trabalhadores envolvidos nesta vigília deverão manter-se sentados no chão e em silêncio .
Somente um trabalhador deverá estar levantado a fim de poder dar indicações a quem as solicitar ao mesmo tempo que deverá distribuir este manifesto .
Caso haja proibição desta manifestação pacifica, os trabalhadores deverão reunir-se no exterior da área TAP, na relva fronteira à Custódia, a norte do portão da ANA / EP, mas sempre em silêncio .


MANIFESTO AOS DESPREVENIDOS

Concidadãos

Nós não estamos em greve nenhuma .
Manifestar não é propriamente fazer festas com as mãos, mas sim assumir posições, que podem ser consideradas aborrecidas, ingratas, intolerantes ou insubmissas, mesmo sem o beneplácito régio ou qualquer outra régia dissertação acerca de flores .
Quando alguém se manifesta é porque existe, pois caso contrário nunca o poderia fazer, desde que já tivesse batido a bota .
O principio fundamental de um manifestante é sempre a esperança que ele tem, que alguém ligue ao que ele diz ou ao que ele faz, mesmo que a acção ou a palavra signifiquem no final, que não valeu a pena socorrer-se de tal estratagema --- não queremos dizer com isto, que tenhamos atirado fora a clara e a galaza para ficarmos só com a amarelinha --- .
Resolvemos sentarmo-nos quietinhos, sem maçar ninguém nem amassar o que ou quem quer que seja, numa atitude de sossego e reflexão enquanto esperamos .
Temos todos uma única razão, que nos levou a ponderar esta nossa actuação posicional, que é esperar pelo nosso mui querido ordenado .
Sabemos que estamos a meio do mês, mas o que querem ?
Somos assim .
Temos consciência de que sem dinheiro ninguém vive. É um hábito chato, mas . . . Paciência . . . força das vicissitudes humanas de nada fazerem sem que tenham uma retribuição .
Não estamos contra a Entidade Patronal. Isso é que não ! ! ! .
Não ! ! ! Não ! ! !
Por quem sois, caríssimos concidadãos. Longe disso.
Nada de más interpretações ou desgastantes quebras cabeças numa atitude tão simples como a nossa. A Companhia não nos deve um tostão. Nós trabalhamos e ela paga-nos no dia que nos marcou para recebermos. O que não temos culpa, é do dinheiro não chegar nem para as primeiras necessidades nem sequer para as mínimas necessidades fisiológicas, ou seja, nem para limpar o . . .
Claro que a culpa não é da Companhia, como já o afirmámos. Não imputamos culpas a ninguém. O que precisamos é de dinheiro que nos dê forças para viver. Até lá, vamos esperando aqui até que chegue o fim do mês .
Mas . . . e os outros ? Perguntais vós com toda a razão . . . e nós dizemos muito simplesmente, que se venham sentar aqui ao nosso lado e esperem também até ao fim do mês, de forma a manifestarem a sua solidariedade com eles mesmos .
E se alguém perguntar o que fazemos, nós dizemos, que estamos esperando que se sentem junto a nós, na mesma atitude de esperança e reflexão .
Como vêem, é simples. Não tem nada de especial estarmos aqui sentados, e quem pensar o contrário e não estiver de acordo em se sentar ao nosso lado, é porque não tem o poder de encache, que nós temos e o ordenado lhe chega. Isso permitir-nos-á concluir, que afinal somos nós que estamos errados, e neste país ainda há quem tenha possibilidades de criar no banco contas de poupança e [ ou ] a prazo, que mais dia menos dia deixarão de existir, porque são a um prazo muito limitado, naturalmente .
Cá os esperamos, caríssimos concidadãos, quanto mais não seja para um " tète-à-tète " numa malguinha de sopa ou numa sandes de pãozinho mais ou menos branco com pãozinho de segunda .
Estão todos convidados e mesmo os que agora não aceitarem o nosso convite amável e terno, dentro em breve teremos o grato prazer da vossa companhia, quer queiram quer não, pois sereis vós próprios a convidar-nos .

Bem hajam pela vossa atenção

OS RESIGNADISSIMOS

Lisboa, Carnaval de 1991

( Este texto foi preparado para ser distribuído durante as festas de Carnaval na TAP em 1991, embora nunca tenha efectivamente sido distribuído por razões que se prenderam com uma certa desmobilização do pessoal envolvido. Havia, é certo, muita gente que se encontrava interessada em que o assunto fosse passado à prática. O vislumbre de um possível envolvimento político de várias organizações levou a que o projecto fosse posto de lado, pois tratava-se de uma chamada de atenção ou simplesmente de uma tentativa de alteração da opinião pública e não da possibilidade de dar de bandeja a organizações politicas, fossem elas quais fossem, o ensejo de se sobrejogarem com o seu respectivo aproveitamento político )

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