Baloiçando estava um barco no Gajeiro
e dentro dele três pescadores sentados,
poita no fundo, pescas c'os anzóis iscados,
negros carvões a arder no fogareiro . . .
Já passava do meio do dia inteiro
da pescaria e eles ali calados
apanhando umas choupas, uns chumbados,
uns carapaus ou sargos sem berreiro
Não se sabe o que pensa o pescador
se no peixe ou na hora da chegada
daquele barco à Praia da Ribeira
O que se sabe, é certo, é o amor
que ele tem ao mar e à costa alcantilada
que aconchava a Vila da Ericeira ! Ericeira, 1993